terça-feira, 14 de julho de 2009

Um elefante pra lá e outro pra cá ...


Vejo vários blogs com seus donos falando sobre música.

A Música, coisa que me acompanha desde o embrião e que muitas vezes foi tudo o que havia me restado, é um assunto tão amplo pra mim que fica difícil pensar em alguma coisa original a ser escrita.


Além de sempre ter sido fascinado por música, sempre fui fanático pelas histórias por trás de letras marcantes, rompantes de genialidade que colocam estrelas em nível igual aos simples mortais.

Aquela hora em que escutamos uma canção e dizemos: "Ei, esse cara está falando comigo".

Sendo assim, tentarei descrever as sensações e experiências que me permeiam a cabeça quando escuto o disco BORA-BORA, dos Paralamas do Sucesso.

O ano de seu lançamento foi 88, e eu estava no primeiro ano do segundo grau (favor fazer a conversão para a definição escolar atual (rsrs)).

Pra ser sincero, nessa época me ligava mais em Legião (como muitos eu decorei rápido os 9 minutos da Faroeste Caboclo), Engenheiros (Anaaaaaaaa), T.N.T., Taranatiriça, Led, Purple, VH, etc.

Rolou até um Alternativa Nativa com Paralamas e Titãs no Maracanazinho, mas eu achava o Herbert meio arrogante e o Titãs uma paulistada chata.

Mas nada como o tempo para se colocar os pingos nos "is".

Mais pro final da década de 90, comecei a entender o que significava dizer a alguém: " Às vezes te odeio por quase um segundo/depois te amo mais ..." (rs)

Comecei então a pesquisar esse CD, que todos diziam ter sido um divisor de águas, misturando batidas Afro, colocando Ilê-Ayê (maravilhosos) no Rock e metais fazendo ataque para as pratadas do Barone.

Tem início aí, a EXPERIÊNCIA !!!

O CD começa com a canção "O BECO", que eu sempre achei chata, mas deve ser Karma pra eu enfrentar mesmo, pois foi a primeira música da aula de bateria agora em 2009. (rs)

Também prestei atenção quando o Herbert diz que descobriu mil maneiras de dizer o nome dela, como se não fosse nada.

Pesquisei melhor e depois fui descobrir que esse CD foi todo feito em cima do momento de fossa da separação dele com a Paula Toller.

Eu explico: Ela o abandonou, o traiu e viajou com o cara (que hj é seu marido) pra Bora-Bora no Tahiti. Não sei se ela tinha razão pra isso, mas se traiu, errou. Simples assim.

Enquanto isso, o mestre ficava aqui na fossa, escrevendo pérolas que ficariam marcadas no DNA de muita gente. Reza a lenda que depois eles se encontraram ao acaso em um estúdio e ele teria dito à ela, em tom de brincadeira, mas com um fundo de verdade: "Obrigado por me arruinar e me render boas canções. Já ganhei muito dinheiro às suas custas" (rs)

Uma delas é a "UNS DIAS", cujo Expresso do Oriente citado na letra, refere-se à turnê da banda pelo Japão e as "tantas frutas que te deixariam tonta" referem-se ao ácido consumido pelo Herbert na época. Não preciso nem dizer quem foi a pessoa que "chegou, já era dia e não tava sozinha", né ? BITCH !!!

Tem a "QUASE UM SEGUNDO", que reflete o momento em que o amor é tanto que queremos ir lá no fim do céu, só pra nos transformarmos no que agrada a pessoa amada ... Nos momentos em que o sofrimento é tão lenha que nos perguntamos se vale à pena. Ele pergunta aos prantos: "Será que você ainda pensa em mim ???"

Logo depois, sem dó, vem a "DOIS ELEFANTES", pra completar a trilogia "pé na cova". (rsrs) Nessa, que é a minha preferida doParalamas, mestre Vianna proclama que "o tempo é um trem que custa a passar" e chora ao dividir conosco que " alguém te viu rindo e eu tava longe".


Os Dois Elefantes do título ("Dois elefantes no fundo do mar...") referem-se à impossibilidade das coisas. É a nossa primeira reação (voluntárias às vezes) de se abrigar na possibilidade do impossível quando algo de ruim nos é relatado/visto/vivido/chorado/pensado/sentido ... Dizemos logo: "Ah, mas isso é impossível ..."

Pois é ... no caso dele foi na lata.

A "DO FUNDO DO CORAÇÃO" relata que "a chuva nem precisava parar/se fosse morna já me bastaria". Sem mais, né ??? (rsrs)

Mas não é só c(h)oração esse disco. Tem muitas músicas pra cima, " Bundalêlê" (impossível ficar parado), "Fingido", "Don´t Give me that" (reggae em inglês. Embrião de DUB no Brasil) e outras.

É um disco ensolarado e colorido. Vale à pena escutar.

* As origens das letras e das histórias foram pesquisadas em vários lugares, mas o principal guia foi a biografia dos Paralamas "Vamo Batê Lata" – do Jamari França.


Peace,

F.

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